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segunda-feira, 3 de março de 2014

Revoltas sociais rurais na República Velha

Revolta de Canudos

População miserável do Arraial de Canudos
População miserável do Arraial de Canudos

História da Guerra de Canudos

A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX, era muito precária. Fome, seca, miséria, violência e abandono político afetavam os nordestinos, principalmente a população mais carente. Toda essa situação, em conjunto com o fanatismo religioso, desencadeou um grave problema social. Em novembro de 1896, no sertão da Bahia, foi iniciado este conflito civil. Esta durou por quase um ano, até 05 de outubro de 1897, e, devido à força adquirida, o governo da Bahia pediu o apoio da República para conter este movimento formado por fanáticos, jagunços e sertanejos sem emprego.

O beato Conselheiro, homem que passou a ser conhecido logo depois da Proclamação da República, era quem liderava este movimento. Ele acreditava que havia sido enviado por Deus para acabar com as diferenças sociais e também com os pecados republicanos, entre estes, estavam o casamento civil e a cobrança de impostos. Com estas idéias em mente, ele conseguiu reunir um grande número de adeptos que acreditavam que seu líder realmente poderia libertá-los da situação de extrema pobreza na qual se encontravam. 

Com o passar do tempo, as idéias iniciais difundiram-se de tal forma que jagunços passaram a utilizar-se das mesmas para justificar seus roubos e suas atitudes que em nada condiziam com nenhum tipo de ensinamento religioso; este fato tirou por completo a tranqüilidade na qual os sertanejos daquela região estavam acostumados a viver. 

Devido a enorme proporção que este movimento adquiriu, o governo da Bahia não conseguiu por si só segurar a grande revolta que acontecia em seu Estado, por esta razão, pediu a interferência da República. Esta, por sua vez, também encontrou muitas dificuldades para conter os fanáticos. Somente no quarto combate, onde as forças da República já estavam mais bem equipadas e organizadas, os incansáveis guerreiros foram vencidos pelo cerco que os impediam de sair do local no qual se encontravam para buscar qualquer tipo de alimento e muitos morreram de fome. O massacre foi tamanho que não escaparam idosos, mulheres e crianças.

Pode-se dizer que este acontecimento histórico representou a luta pela libertação dos pobres que viviam na zona rural, e, também, que a resistência mostrada durante todas as batalhas ressaltou o potencial do sertanejo na luta por seus ideais. Euclides da Cunha, em seu livro Os Sertões, eternizou este movimento que evidenciou a importância da luta social na história de nosso país.

Conclusão : Esta revolta, ocorrida nos primeiros tempos da República, mostra o descaso dos governantes com relação aos grandes problemas sociais do Brasil. Assim como as greves, as revoltas que reivindicavam melhores condições de vida ( mais empregos, justiça social, liberdade, educação etc), foram tratadas como "casos de polícia" pelo governo republicano. A violência oficial foi usada, muitas vezes em exagero, na tentativa de calar aqueles que lutavam por direitos sociais e melhores condições de vida.

               Guerra do Contestado
A Guerra do Contestado ocorreu entre os anos de 1911 a 1915. O nome deve-se à disputa entre os estados do Paraná e de Santa Catarina por uma área limítrofe rica em erva-mate e madeira doada pelo governo brasileiro aos madeireiros e à Southern Brazil Lumber & Colonization Company. Apesar da questão dos limites ter sido resolvida, alguns sertanejos ainda viviam na região em estado de isolamento e pobreza. Uma agitação tomou conta dos sertanejos da região quando a ferrovia São Paulo – Rio Grande foi aberta. Foram liderados por um ex-soldado da polícia militar do Paraná, Miguel Lucena da Boaventura que se dizia irmão de um curandeiro que vivera no lugar, João Maria. Para dar veracidade à sua afirmação e conquistar a simpatia dos sertanejos, Lucena apresentava-se como monge José Maria.
Sob a liderança de José Maria, os sertanejos iniciaram um combate contra as autoridades locais. Deu-se início a uma luta violenta que entrou para a história do Brasil como Guerra do Contestado.

O combate teve origens em problemas sociais decorrentes da falta de regularização da posse das terras e da insatisfação da população em uma área onde não havia presença do poder público. Fora isso, o panorama foi agravado pelo fanatismo religioso, os caboclos revoltados acreditavam que aquela era uma guerra messiânica.
Esta guerra tinha, em certos aspectos, pontos em comum com a Revolta de Canudos, que ocorrera na Bahia alguns anos antes. As semelhanças entre os dois combates começam com o caráter religioso das batalhas, a fé do povo em um líder e a miséria e o isolamento enfrentado pelos habitantes da região.
Para José Maria, a República era a “lei do diabo”. Por isso, nomeou como “Imperador do Brasil” um fazendeiro que não sabia ler nem escrever, criou a comunidade de “Quadro Santo” e montou uma guarda de honra de 24 cavaleiros que ele intitulou de “Doze Pares de França”, fazendo uma alusão à cavalaria de Carlos Magno na Idade Média.
Porém, após o prolongamento da batalha, os sertanejos não suportaram lutar por muito tempo contra as fileiras bem organizadas e os armamentos das tropas do governo.

Consequências

Em 20 de outubro de 1916 foi assinado o Acordo de Limites Paraná-Santa Catarina, no Rio de Janeiro, porém, no mesmo ano, ocorreram manifestações nos municípios do Contestado-Paranaense contra o acordo. Em 1917 houve a homologação final do Acordo de Limites, assim foram instalados os municípios de Mafra, Cruzeiro, Chapecó e de Porto União.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Contestado
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e geral. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.
SCHMIDT, Mario. Nova História: Crítica. São Paulo: Editora Nova Geração, 1999.

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