As ordens já são mandadas, já se apressam os meirinhos.
Entram por salas e alcovas, relatam roupas e livros:
(...)
Compêndios e dicionários, e tratados eruditos
sobre povos, sobre reinos, sobre invenções e Concílios...
E as sugestões perigosas da França e Estados Unidos,
Mably, Voltaire e outros tantos, que são todos libertinos...
(Cecília Meireles, Romance XLVII ou Dos sequestros. "Romanceiro da Inconfidência")
A referência
compêndios, dicionários e tratados eruditos no século XVIII nos sugere
uma clara valorização do conhecimento científico, postura que também se
verifica no período conhecido como Renascimento. Contribuíram para
eclosão deste amplo movimento cultural na Europa,
a) a unificação da Itália e o enfraquecimento da Igreja católica.
b) as descobertas científicas e a revolução industrial na Inglaterra.
c) o fortalecimento das burguesias e o desenvolvimento dos centros urbanos.
d) a Contrarreforma e a fragmentação do poder político dos soberanos.
e) a expansão marítima e a hegemonia árabe na península ibérica.
2. (Uff) A
"Carta de Pero Vaz de Caminha", escrita em 1500, é considerada como um
dos documentos fundadores da Terra Brasilis e reflete, em seu texto,
valores gerais da cultura renascentista, dentre os quais destaca-se:
a) a visão do índio como pertencente ao universo não religioso, tendo em conta sua antropofagia;
b) a informação
sobre os preconceitos desenvolvidos pelo renascimento no que tange à
impossibilidade de se formar nos trópicos uma civilização católica e
moderna;
c) a identificação do Novo Mundo como uma área de insucesso devido à elevada temperatura que nada deixaria produzir;
d)
a observação da natureza e do homem do Novo Mundo como resultado da
experiência da nova visão de homem, característica do século XV;
e) a consideração da natureza e do homem como inferiores ao que foi projetado por Deus na Gênese.
3. (Cesgranrio) A Revolução Científica, ocorrida na Europa Moderna entre os séculos XVI e XVII, caracterizou-se por:
a) acentuar o espírito crítico do homem através do desenvolvimento da ciência experimental.
b) reforçar as concepções antinaturalistas surgidas nos primórdios do Renascimento.
c) comprovar a tese de um universo geocêntrico contrária à explicação tradicional aceita pela Igreja Medieval.
d) negar os valores humanistas, fortalecendo assim as ideias racionalistas.
e) confirmar os fundamentos lógicos e empiristas da filosofia escolástica em sua crítica aos dogmas católicos medievais.
4. (Fatec) Em O RENASCIMENTO, Nicolau Sevcenko afirma:
"O comércio sai
da crise do século XIV fortalecido. O mesmo ocorre com a atividade
manufatureira, sobretudo aquela ligada à produção bélica, à construção
naval e à produção de roupas e tecidos, nas quais tanto a Itália quanto a
Flandres se colocaram à frente das demais. As minas de metais nobres e
comuns da Europa Central também são enormemente ativadas. Por tudo isso
muitos historiadores costumam tratar o século XV como um período de
Revolução Comercial."
A Revolução Comercial ocorreu graças:
a) às repercussões econômicas das viagens ultramarinas de descobrimento.
b) ao crescimento
populacional europeu, que tornava imperativa a descoberta de novas
terras onde a população excedente pudesse ser instalada.
c) a uma mistura de idealismo religioso e espírito de aventura, em tudo semelhante àquela que levou à formação das cruzadas.
d) aos Atos de Navegação lançados por Oliver Cromwell.
e) à autossuficiência econômica lusitana e à produção de excedentes para exportação.
5. (Fatec) Entre
os séculos XIV e XVI a Europa viveu uma época de muitas transformações
no campo das técnicas, das artes, da política, da religião e do próprio
conhecimento que o homem tinha do mundo em si mesmo.
Sobre esse período histórico, é correto afirmar:
a) Os reinos da
França e da Inglaterra enfraqueceram-se devido à crise do sistema
feudal, que empobrecera os nobres exatamente no momento de
enriquecimento da burguesia mercantil e financeira, o que permitiu que
os reis concentrassem mais poder em suas mãos.
b) Surgiram nessa época "projetos" políticos que diziam respeito às formas de um governante proteger e aumentar seu poder.
c) Durante esse
período, quando os reinos independentes se fortaleceram, a Igreja
esforçou-se para assegurar o poder espiritual, abandonando sua
preocupação anterior com a manutenção de seu poder temporal.
d) Esse período foi
de paz entre os papas e os imperadores; por isso, não se investiu na
criação de armas de guerra nem em fortificações.
e) Os comerciantes
começaram a entrar em choque direto com a antiga ordem medieval, impondo
sua forma de vida e seus valores, à medida que passaram a concentrar as
riquezas, das quais dependiam também a Igreja e governantes.
6. (Fgv) Erasmo
de Rotterdam (1467-1536) foi um dos pensadores mais influentes de sua
época, sobretudo porque em sua obra ELOGIO DA LOUCURA defendeu, entre
outros aspectos,
a) a tolerância, a liberdade de pensamento e uma teologia baseada exclusivamente nos Evangelhos.
b) a restauração da teologia nos termos da ortodoxia escolástica, na linha de Tomás de Aquino.
c) a reforma eclesiástica da Igreja segundo a proposta de Savonarola, conforme sua pregação em Florença.
d) o comunismo dos bens, teoria que influenciaria o pensamento de Rousseau no século XVIII.
e) a supremacia da razão do Estado sobre as regras definidas nos princípios da moral cristã.
7. (Fuvest) "Se
volveres a lembrança ao Gênese, entenderás que o homem retira da
natureza seu sustento e a sua felicidade. O usuário, ao contrário, nega a
ambas, desprezando a natureza e o modo de vida que ela ensina, pois
outros são no mundo seus ideais."
(Dante Alighieri, A DIVINA COMÉDIA, Inferno, canto XI, tradução de Hernâni Donato).
Esta passagem do poeta florentino exprime:
a) uma visão já moderna da natureza, que aqui aparece sobreposta aos interesses do homem.
b) um ponto de vista já ultrapassado no seu tempo, posto que a usura era uma prática comum e não mais proibida.
c) uma nostalgia pela Antiguidade greco-romana, onde a prática da usura era severamente coibida.
d) uma concepção dominante na Baixa Idade Média, de condenação à prática da usura por ser contrária ao espírito cristão.
e) uma perspectiva original, uma vez que combina a prática da usura com a felicidade humana.
8. (Mackenzie) Galileu Galilei (1564 - 1642) rompeu com as concepções medievais sobre a natureza do conhecimento, EXCETO por:
a) defender a ideia da experiência científica, combinando a indução experimental com cálculos dedutivos.
b) pregar que
qualquer conhecimento científico deveria ser comprovado
experimentalmente, reproduzindo-se o fenômeno sob determinadas
condições.
c) refutar as teorias acerca do sistema geocêntrico de Ptolomeu, com base no sistema heliocêntrico de Copérnico.
d)
desenvolver uma concepção hierárquica estática e natural sobre o
universo, através de premissas dedutivas que demonstram as conclusões.
e) pregar a
rigorosa observação dos fenômenos físicos, estabelecer uma metodologia
do conhecimento científico e formular a lei da queda dos corpos.
9. (Mackenzie) O Humanismo foi um movimento que não pode ser definido por:
a) ser um movimento diretamente ligado ao Renascimento, por suas características antropocentristas e individuais.
b) ter uma visão do mundo que recupera a herança greco-romana, utilizando-a como tema de inspiração.
c) ter valorizado o misticismo, o geocentrismo e as realizações culturais medievais.
d) centrar-se no homem, em oposição ao teocentrismo, encarando-o como "medida comum de todas as coisas".
e) romper os limites religiosos impostos pela Igreja às manifestações culturais.
10. (Puccamp)
Sobre a importância do renascimento urbano e comercial, na fase de
transição do feudalismo para o capitalismo, pode-se destacar:
a) o caráter assistencialista das corporações de ofício influindo na democratização da ordem social.
b) o enfraquecimento do poder dos reis à medida que as cidades se tornaram independentes da nobreza feudal.
c) o estímulo à centralização monárquica, à unificação das moedas, pesos e medidas e ao mercantilismo.
d) a oposição da burguesia comerciante à prática da usura e consequente apoio da Igreja aos seus empreendimentos marítimos.
e) o crescimento da
burguesia repercutindo na decadência da política econômica
mercantilista e na formação dos Estados Nacionais.
11. (Uff) Dentre
os temas desenvolvidos pela cultura renascentista há um que se mantém
presente até hoje - a utopia - despertando atenção, principalmente, em
finais de século.
Assinale a opção que se refere à ideia de utopia defendida no século XVI.
a) A ideia de
utopia como tema central dos manuais de escolástica que se transformou
no valor político mais importante da Igreja romana.
b) A ideia de utopia expressa por São Francisco de Assis, nas suas lições sobre a natureza dos homens e dos animais.
c) A ideia de utopia que revelava o caráter de oposição da Igreja ao novo tempo mundano e secular da renascença.
d) A ideia de utopia apresentada por Maquiavel em sua obra, O Príncipe, na qual defendeu o republicanismo.
e) A
ideia de utopia exposta por Thomas Morus, na qual criticava os
humanistas que reivindicavam a autoridade soberana do Príncipe.
12. (UNEM) O
franciscano Roger Bacon foi condenado, entre 1277 e 1279, por dirigir
ataques aos teólogos, por uma suposta crença na alquimia, na astrologia e
no método experimental, e também por introduzir, no ensino, as ideias
de Aristóteles. Em 1260, Roger Bacon escreveu: "Pode ser que se
fabriquem máquinas graças às quais os maiores navios, dirigidos por um
único homem, se desloquem mais depressa do que se fossem cheios de
remadores; que se construam carros que avancem a uma velocidade incrível
sem a ajuda de animais; que se fabriquem máquinas voadoras nas quais um
homem (...) bata o ar com asas como um pássaro. Máquinas que permitam
ir ao fundo dos mares e dos rios"
(apud.
BRAUDEL, Fernand. "Civilização material, economia e capitalismo:
séculos XV-XVIII São Paulo: Martins Fontes, 1996, vol. 3).
Considerando a dinâmica do processo histórico, pode-se afirmar que as ideias de Roger Bacon
a) inseriam-se
plenamente no espírito da Idade Média ao privilegiarem a crença em Deus
como o principal meio para antecipar as descobertas da humanidade.
b) estavam em
atraso com relação ao seu tempo ao desconsiderarem os instrumentos
intelectuais oferecidos pela Igreja para o avanço científico da
humanidade.
c) opunham-se ao
desencadeamento da Primeira Revolução Industrial, ao rejeitarem a
aplicação da matemática e do método experimental nas invenções
industriais.
d) eram
fundamentalmente voltadas para o passado, pois não apenas seguiam
Aristóteles, como também baseavam-se na tradição e na teologia.
e)
inseriam-se num movimento que convergiria mais tarde para o
Renascimento, ao contemplarem a possibilidade de o ser humano controlar a
natureza por meio das invenções.
13. (Uel) A arte renascentista, de uma forma geral, se caracterizou pela
a) representação abstrata do mundo.
b) estreita relação entre arte-romantismo-melancolia.
c) representação cubista da ideia de Deus.
d) aproximação entre arte-pesquisa-inovações técnicas.
e) valorização estética dos afrescos da antiguidade egípcia.
14. (Ufc) A
cultura renascentista favoreceu a valorização do homem, estimulando a
liberdade de expressão presente em diferentes manifestações artísticas e
literárias. Entretanto, a participação da Igreja Católica, entre os
mecenas, pode ser associada:
a) à renovação das ideias defendidas pela hierarquia eclesiástica, que se deixara influenciar pelo liberalismo burguês.
b)
à continuidade do cristianismo como religião dominante, limitando a
liberdade de expressão aos valores estabelecidos pela Igreja.
c) ao engajamento da intelectualidade católica nas experiências científicas, na tentativa de conciliar razão e fé.
d) às novas condições de vida na Europa, que extinguiram a persistência dos valores religiosos na sociedade.
e) ao surgimento de novas ordens religiosas, defensoras do mecenato como um meio de maior liberdade de expressão.
15. (Ufmg) "Que
obra de arte é o homem: tão nobre no raciocínio, tão vário na
capacidade; em forma o movimento, tão preciso e admirável; na ação é
como um anjo; no entendimento é como um Deus; a beleza do mundo, o
exemplo dos animais."
(SHAKESPEARE, William. HAMLET.)
O valor renascentista expresso nesse texto é
a) o antropomorfismo.
b) o hedonismo.
c) o humanismo.
d) o individualismo.
e) o racionalismo.
16. (Ufmg) Miguel de Cervantes, um dos grandes expoentes renascentistas, pretendia com seu livro DOM QUIXOTE
a) denunciar o papel submisso da mulher, representado pela heroína Dulcinéia.
b) exaltar os valores da cavalaria, da honra, do herói, imortalizados na figura de Dom Quixote.
c) fazer uma crítica aos valores medievais, satirizando-os nas figuras de Dom Quixote e Sancho Pança.
d) mostrar a inutilidade da luta contra a Igreja, utilizando a imagem de Dom Quixote lutando contra os moinhos de vento.
e) satirizar a figura do monarca absoluto, ao entronizar Sancho Pança como rei da imaginária ilha da Cocanha.
17. (Ufpe) Os
caminhos da renovação científica favoreceram o surgimento de teorias que
abriram novos caminhos para lançar os alicerces da ciência moderna. O
inglês Francis Bacon foi um dos renovadores que escreveram obras
importantes. Sobre ele, podemos afirmar que:
a) escreveu uma obra intitulada "Ensaios", onde faz uma importante análise do ser humano.
b) compartilhou do método cartesiano e foi defensor do racionalismo positivista.
c) não teve pretensões políticas; daí, sua grande dedicação à ciência.
d) formulou, juntamente com Campanella, a idealização da chamada Cidade do Sol.
e) foi, com Newton, o inventor do método indutivo, o qual revolucionou a Química e a Física.
18. (Unirio) Ao
final do Renascimento, diversas transformações culturais e sociais
ocorridas na Europa, entre os séculos XVI e XVII, propiciaram o
surgimento da Revolução Científica. Esse movimento caracterizou-se por
um (a):
a) predomínio da concepção de um universo fechado e sobrenatural.
b) negação dos valores individualistas do homem e das concepções naturalistas.
c) crítica à ciência medieval expressa no retorno do pensamento escolástico.
d) afirmação do monopólio da Igreja Católica na explicação das coisas do mundo.
e) valorização do espírito crítico e do método experimental.
19. (Unirio)
Criada pelos humanistas italianos e retomada por Vasari, a noção de uma
ressurreição das letras e das artes graças ao reencontro com a
Antiguidade foi, seguramente, fecunda (...). Essa noção significa
juventude, dinamismo, vontade de renovação (...). Teve em si a
inevitável injustiça das abruptas declarações de adolescentes, que
rompem ou creem romper com os gostos e as categorias mentais dos seus
antecessores. Mas o termo "Renascimento", mesmo na acepção estrita dos
humanistas, que o aplicavam, essencialmente, à literatura e às artes
plásticas, parece-nos atualmente insuficiente.
(DELUMEAU, Jean. A CIVILIZAÇÃO DO RENASCIMENTO. Lisboa, Editorial Estampa, 1983, vol.1, p.19)
A revisão que o autor nos apresenta com relação ao termo Renascimento aponta para o fato de que a (o):
a) Idade Média não deve mais ser vista como um período de obscurantismo onde a cultura estava totalmente morta.
b) cultura medieval
já realizava um questionamento ao teocentrismo, fato que foi apenas
aprofundado pelo Humanismo e pelo Renascimento.
c) ruptura que os
humanistas pretendiam com a Idade Média era apenas aparente, pois a
suposta inspiração na Antiguidade esteve sempre subordinada aos padrões
medievais.
d) obscurantismo
medieval não impediu a existência de uma produção artística, embora esta
fosse esteticamente inferior à da Renascença.
e) Humanismo ainda
imprime ao Renascimento uma visão conformista com relação ao mundo, o
que muito se assemelhava ao pensamento medieval.
20. (Fuvest) Já
se observou que, enquanto a arquitetura medieval prega a humildade
cristã, a arquitetura clássica e a do Renascimento proclamam a dignidade
do homem. Sobre esse contraste pode-se afirmar que
a) corresponde, em termos de visão de mundo, ao que se conhece como teocentrismo e antropocentrismo;
b) aparece no conjunto das artes plásticas, mas não nas demais atividades culturais e religiosas decorrentes do humanismo;
c) surge também em todas as demais atividades artísticas, exprimindo as mudanças culturais promovidas pela escolástica;
d) corresponde a
uma mudança de estilo na arquitetura, sem que a arte medieval como um
todo tenha sido abandonada no Renascimento;
e) foi insuficiente para quebrar a continuidade existente entre a arquitetura medieval e a renascentista.